O mês de junho começa com uma notícia que a população não gostaria de ouvir – a conta de energia ficará mais cara, já que a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou a tarifa com bandeira vermelha a partir deste mês. Nesse sentido, uma alternativa para reduzir o valor pago na conta e que acabe com os incômodos e prejuízos provocados pela falta de energia é o desejo de boa parte da população.
Esse cenário torna-se possível com um sistema híbrido, que alia os painéis fotovoltaicos ao armazenamento de energia. Porém, para que essa solução possa ser realmente eficiente e atenda às expectativas, é fundamental estar atento a alguns fatores, que vão desde a escolha dos fabricantes até a instalação dos equipamentos.
A engenheira eletricista Dieny Melo explica que os sistemas com baterias possuem a função TOU (Time of Use) – muito útil em momentos como esse, com taxação na bandeira vermelha. Por meio desse recurso, a pessoa escolhe como irá utilizar seu sistema híbrido.
“Com essa função, é possível programar o sistema para alto consumo e, por meio dos módulos fotovoltaicos, carregar a bateria durante o dia. No final do dia, quando termina o período com sol, é possível realizar o autoconsumo, ou seja, as cargas do cliente começam a ser supridas pela bateria. Dessa forma, é possível que a pessoa utilize menos a rede da concessionária e conquiste a ‘liberdade energética’, ou seja, utilizar o mínimo possível a energia da rede”, explicou.
Ela reforça a importância do sistema híbrido como aliado nesse período de taxação mais elevada. “A bateria permite amenizar os efeitos da alta na conta. É um período com menor probabilidade de quedas de energia, já que a bandeira vermelha é implantada em um período mais seco, ou seja, com menos probabilidade de chuvas. Dessa forma, as baterias podem reduzir os efeitos de utilização noturna da rede da concessionária e pagar o mínimo possível na conta de energia”.
Porém, para que todos esses benefícios sejam conquistados, é preciso estar atento a alguns aspectos técnicos, econômicos e regulatórios. O engenheiro Marcelo Niendicker explica que o primeiro o é avaliar qual o objetivo que se deseja alcançar com a implantação desse sistema: reduzir a conta de energia, realizar backup ou garantir a autonomia energética total, por exemplo.
“O próximo o é efetuar o dimensionamento desse sistema, ou seja, avaliar quais painéis e sistemas de baterias irão atender às necessidades almejadas. No caso dos painéis, quais e quantos equipamentos irão cobrir o consumo e gerar sobra para a bateria e, no caso das baterias, avaliar a capacidade baseada em horas de autonomia e potência necessárias”, disse.
Realizada essa análise, é preciso verificar a viabilidade econômica, ou seja, o custo inicial desse sistema em comparação com a economia na conta de energia. “Essa análise é importante para avaliar o payback – que é o retorno do investimento – que deve considerar o objetivo do sistema, por exemplo, quanto a pessoa deixa de perder em uma queda de energia”.
O engenheiro também pontua que é preciso observar as normas de segurança. Importante confirmar se os equipamentos possuem certificações, principalmente a do Inmetro, e sistema BMS (Battery Management System) – que monitora e controla a operação de um conjunto de baterias. “Se o payback for aceitável, por exemplo, entre 5 a 7 anos, e a necessidade for clara, vale a pena o investimento”, orientou Niendicker.
Dicas para cada tipo de imóvel
Vale destacar ainda que a implementação de um sistema com baterias varia significativamente conforme o tipo de instalação (apartamento, casa, comércio ou indústria). No caso de apartamento, dentre os desafios, está o espaço limitado (telhado comum ou varanda pequena), regras do condomínio a serem observadas – já que podem proibir ou limitar instalações, além da conexão à rede elétrica do prédio, que pode ser complexo em sistemas compartilhados.
“Para esse perfil de imóvel, o ideal é optar pelas baterias compactas e instalação de painéis, caso desejado, em varandas ou áreas comuns, caso seja permitido, usando estruturas de fixação especializadas”, explicou o engenheiro.
Além disso, no caso de apartamentos, o ideal seria optar por sistema de backup seletivo, ou seja, destinado a alimentar apenas pontos críticos, como geladeira e iluminação, durante as quedas de energia. Também vale a pena entrar em acordo com o condomínio para compartilhar a geração em áreas comuns, como elevadores e iluminação.
Já no caso de residência, as vantagens são o espaço para instalação dos painéis e baterias e o autoconsumo direto, o que garante a redução imediata na conta de luz. “Porém, é importante avaliar se o sistema cobrirá o consumo, pensar nas baterias LFP – conhecidas pela sua segurança, longa vida útil e alta densidade de energia – para realizar os backups e suprir noites ou quedas de energia e a instalação do inversor híbrido, que permite utilizar tanto a energia da rede, como do sistema de painéis e baterias”.
Uma dica importante: “Se a tarifa for horária, por exemplo, bandeira vermelha, que está em vigor no Brasil a partir desse mês, programe a bateria para descarregar nos horários de pico”, alertou o especialista.
No caso de comércio, o foco é a redução de custos com demanda contratada e proteção contra quedas. Nesse sentido, as baterias auxiliam a atender a demanda de energia e, se o estabelecimento operar à noite, o armazenamento é essencial. “Ademais, em alguns estados, as empresas podem ter incentivos fiscais, com descontos em impostos”.
No caso da indústria, os principais desafios são o consumo elevado e contínuo devido ao funcionamento de máquinas e refrigeração, por exemplo. “Por isso, para os estabelecimentos industriais, é essencial a instalação de um sistema híbrido, com gestão ativa de energia, priorizando fontes conforme o custo e horário, além de baterias em larga escala, por exemplo, contêineres como os modelos Trene e Aelio, que integram o portfólio da SolaX”.
E o engenheiro alerta: “Em apartamentos e comércios, verifique com a concessionária quais os requisitos para a conexão de sistemas com baterias (algumas exigem projetos específicos). Para indústrias, estude a modalidade ‘demanda contratada’ para otimizar o tamanho da bateria”.
Vale pontuar que, entre os erros mais comuns dos consumidores está a escolha somente pelo preço do produto e preço da instalação. “É importante escolher empresas sólidas e competentes para projetar e instalar o sistema, isso garante segurança para o usuário não só no momento da instalação, mas também no futuro, quando o sistema vier a apresentar alguma falha ou necessidade de expansão”, ressaltou Marcelo Niendicker.
Todos os cuidados são essenciais para garantir a eficiência e segurança do sistema. Se optar por baterias e inversores de baixa qualidade e sem certificação, esses equipamentos podem falhar rápido ou até causar danos a pessoas e instalações, bem como baterias sem BMS adequado podem superaquecer e causar acidentes.
“Além disso, problemas de dimensionamento podem induzir ao erro de adquirir uma bateria pequena, que pode não proporcionar autonomia suficiente, ou uma bateria grande, que pode significar um custo desnecessário”, relatou.
Outro ponto envolve a instalação, já que erros nessa etapa podem reduzir a vida útil do sistema e anulam a garantia. “Se a pessoa optar por empresas sem e técnico, pode ficar sem ajuda quando o sistema falhar, bem como um sistema ineficiente que não gera a economia esperada, prolongando o payback”.
Nesse sentido, o engenheiro pontua que é importante investir em marcas confiáveis e equipamentos com certificações, especialmente a do Inmetro. Também é importante contratar profissionais qualificados e garantias de longo prazo para os equipamentos. “Muitas vezes, preço baixo pode significar custo alto no futuro. Priorize segurança e eficiência”, concluiu.
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